Para a Carla..

Vez por outra eu recebo e-mails me perguntando “como ser você mesmo quando as pessoas estão ao nosso redor”? – os pais, amigos, professores, colegas de trabalho. Parece que essas pessoas sentem a necessidade de nos incomodar sobre o que estamos vestindo, ou como olhamos, ou a cor do nosso cabelo. Uma vez recebi um email que dizia: “Eu gostaria de tingir meu cabelo de uma cor diferente, mas eu acho que eu irei enfrentar tantos problemas que não vale a pena”. Ou numa conversa com um amigo ele comentou, “Eu adoro me vestir e fazer um esforço com a minha aparência, mas é realmente difícil quando todos ao meu redor me dizem que pareço um louco ou exagerado “.

Deixe-me dizer uma coisinha: Ser “diferente” é sempre mais difícil do que ser “normal”, e fazer parte, ser aceito, é uma luta constante. Há muito esforço envolvido. Mas vale a pena??? Só você pode responder. Qualquer pessoa pode vestir um jeans, uma camisa branca, pentear os cabelos  de lado e ser uma toupeira. É preciso alguém com coragem e um pouco de estilo para fazer algo diferente. Que lado você escolhe seguir depende apenas de você, mas confesso que da minha parte, fazer umas “loucuras” no visual é muito mais divertido.

Eu sempre gostei de ser diferente. Quando eu tinha 13 anos eu parei de me torturar ouvindo rádio e comecei a procurar música que eu realmente gostava e já era influenciada pelas bandas de rock. Eu era um pouco gótica, gostava de usar batom preto, unhas pretas e roupas escuras. Uma vez peguei um ônibus com um par de asas de anjo amarrada nas minhas costas. Pense!!!! Foi nessa época que aprendi o quanto era difícil ser estranho, mas também quanto valor que havia em ser diferente. Pegar o ônibus onde eu morava, era sempre uma provação, independentemente da forma como me vestia. Mesmo quando eu estava super ‘normal’, ou com a farda do colégio, ainda havia alguns adolescentes sentados no banco de trás, pronto para zoar ou repreender alguém que eles não aprovavam com o olhar.

Bem a fase gótica passou, mas depois vinheram outras: hippie, surfer, grunge, clubber…  Já usei várias cores no cabelo (fui loira, tive preto azulado, vermelho sangue, roxo), tenho várias tatuagens e até hoje com 30 anos penso que minha imagem não mudou não. Adoro cores, maquiagem, gosto do meu cabelo bem cacheado e armado, uso flores no cabelo, acessórios diferentes.  E o pior os americanos são o povo mais sem graça que existe, especialmente aqui em DC. As mulheres não usam maquiagem, sempre com o cabelo escorrido e aqueles conjuntinhos cinzas, então qualquer coisa que coloco sou a diferente.  Mas percebi que não vale a pena me importar com o que os outros pensam, ou se estão olhando. Vai sempre existir alguém que não gosta do meu estilo, ou do meu cabelo. Eu faço o que eu quero. Por que eu deveria ceder à outra pessoa? Sou mais feliz assim.

Como você pode imaginar, uma menina de 14 anos vestindo asas de anjo negro na rua, chama um monte de atenção. Mas a coisa mais estranha, pelo menos para mim, foi que a maior parte da atenção foi positiva. As pessoas que eu pensei que seria mais veemente negativa – os adultos – eram na verdade, o oposto. Eles me paravam na rua para dizer que eu tinha iluminado o dia deles. Que eles queriam ter essa liberdade, de poder se vestir como eles queriam. Mas gente, vocês tem. Não é a idade ou o trabalho que vocês fazem, isso tá dentro de você.

Lembro que há algum tempo atrás eu consegui um excelente trabalho numa empresa super renomada no Brasil. Foi um dos meus maiores salários até hoje, mas para me encaixar na empresa tive que comprar um guarda roupa completo de terninhos. Detestava, até porque o calor de Fortaleza não ajuda a usar esse estilo, mas era norma da empresa.  Mas sabe como eu me diferenciava? Nos meus sapatos, nos meus acessórios, na sextas sempre usava um terno colorido (eu tinha um cor de goiaba que amava) e no meu cabelo, naquela época pintei meu cabelo de vermelho e todos amavam. Alem disso na minha gaveta tinha um espelhinho e sempre quando eu tava p_ _ _ com alguma coisa que acontecia na empresa, eu me olhava e lembrava que por trás daquele terno sério, e do make up, a Manu estava lá. Era só minha fantasia durante o dia. Porque de noite quando eu chegava em casa eu era a mesma menina que um dia andou com asas pela cidade. E coincidentemente esse período foi super intenso na minha vida, eu resolvi sair da casa dos meus pais e dividia um ap com o Daniel Peixoto (ex vocalista da banda Montage), ele era um super exemplo de autenticidade e hoje em dia virou um super star (adoro), e a gente vivia super feliz.

Meu esposo trabalha numa empresa que faz projetos para o governo americano, ele sai todo dia de manhã de terno e gravata, mas ninguém sabe que ele tem o braço todo tatuado do pulso ao ombro e o fato dele se vestir todo certinho não o faz menos feliz.

Eu espero que saber um pouco mais de mim vai ajudar a dar-lhe alguma confiança quando se trata de usar algo um pouco mais arriscado ou “fora dos padrões”. Claro que confiança é muito importante para todos os tipos de cenários. Então segue algumas dicas de como adquirir um pouco de confiança no seu dia-a-dia:

Realizar o quão incrível você é. Nunca haverá ninguém como você. É por isso que é tão importante expressar-se tanto quanto você pode – se você não fizer isso, o mundo é que vai perder.

Desenvolva seus talentos. Se você gosta de escrever ou pintar, cantar ou dançar, faça mais vezes! Isto, naturalmente, vai fazer você se sentir bem consigo mesmo.

Aprenda a amar e aceitar a si mesmo. Verdadeiramente, essa é a coisa mais crucial. Eu sei que soa piegas, mas odiar a si mesmo é muito “coitadinho” e ultrapassado.

Saiba aceitar cumplimentos com graça. Mesmo (e principalmente!) Se você não acreditar no elogio seja sincero! Basta dizer, “Obrigado”. As pessoas dizem coisas boas, porque eles querem fazer você se sentir bem. Por que eles perdem o fôlego dizendo uma mentira? Eventualmente, você começará a acreditar quando as pessoas te elogiam.

Escolha um modelo, e pense “O que fulano de tal iria fazer nessa situação?”. Em seguida, aja em conformidade! Você pode escolher quem você quiser, desde Madonna, a professora do colégio, James Bond, Elizabeth Taylor, Anna Wintour, ou um de seus pais. (Costumo canalizar meu pai em situações sociais: ele fala com todos, todo mundo gosta dela, ele é humilde, é engraçado.)

Mude o seu grupo social, se for preciso – As vezes a gente está ao redor de pessoas que não nos fazem bem, que não tem haver com o que realmente pensamos ou queremos, que só nos deixa para baixo. Porque ficar perto de gente assim? Te confirmo que se afastar de certos tipos de gente, vai fazer uma enorme melhoria na qualidade da sua vida.

Ensaie diálogos na sua cabeça. Se você está nervoso sobre chamadas telefónicas, entrevistas de trabalho ou em conversas em geral, ensaie sozinho. Eu faço isso o tempo todo e definitivamente ajuda.

Finalmente, a coisas (aparentemente) superficial. Pense na sua linguagem corporal e postura. Estique suas costas, alinhe os ombros e mantenha sua cabeça erguida. Por mais ridículo que pareça, irá automaticamente dar-lhe confiança.

Quando você falar com as pessoas, olhe nos olhos, tanto quanto possível.

Se você está assustado com o que pode ouvir das outras pessoas, sobre o que eles estão falando sobre você, use fones de ouvido enquanto caminha por aí.

“O oposto da bravura não é covardia, e sim a conformidade.” – Robert Anthony

Paz, amor e orquídeas,

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